Tenho dito por várias vezes que Paulo Portas é um verdadeiro case study da política portuguesa. Sobretudo no que diz respeito à mudança de opiniões, opiniões essas que mudam ao sabor do vento.
Em matéria de opiniões, Paulo Portas é uma pesssoa que diz hoje uma coisa, e amanhã o seu contrário. E, à boa maneira dos vira-casacas e troca-tintas, não sabe dar uma explicação válida e credível para tão radical e súbita mudança de opinião.
A última cambalhota a nível de mudanças de opinião operada por Paulo Portas aconteceu ontem no Brasil, e prende-se com o acordo ortográfico. Ou, melhor dizendo, com o aborto ortográfico, que é o termo pelo qual eu designo esse verdadeiro atentado à Lingua Portuguesa.
Na sua visita ao Brasil, na qualidade de Ministro dos Negócios Estrangeiros, visita essa paga com o dinheiro de todos nós, contribuintes, que pagamos os nossos impostos e deles não podemos fugir, Paulo Portas, quando inquirido sobre a entrada em vigor do novo acordo/aborto ortográfico, e depois de grande pressão dos brasileiros para que o mesmo entrasse rapidamente em vigor, disse que o mesmo entraria em vigor em Portugal na data prevista, ou seja, a 1 de Janeiro de 2012.
O aborto ortográfico é um verdadeiro atentado não só à nossa língua, como também à nossa soberania e à nossa identidade enquanto País soberano e independente. Esse aborto mais não é do que um puro engajamento ao Brasil, País que foi descoberto por Portugal, mas que fala e escreve um português bem poir do que o português que se fala e escreve em Portugal. E é o português que se escreve e fala no Brasil, que é de pessima qualidade, que se pretende que se fale e se escreva em Portugal.
Muitas são as vozes, provenientes dos mais diversos quadrantes políticos e ideológicos, que se manifestam contra a entrada em vigor em Portugal do aborto ortográfico. Muitos são aqueles e aquelas por esse País fora que dizem categoricamente que se recusam a escrever de acordo com as regras do novo aborto ortográfico. A eles eu me associo.
Ora uma dessas vozes que tão crítica foi do aborto ortográfico foi precisamente a de Paulo Portas. Que agora vem precisamente defender a rápida entrada do mesmo me vigor, com o argumento de que os acordos celebrados entre os Estados na ordem internacional são para serem cumpridos. Como se não existisse a figura jurídica da renegociação dos acordos.
É mais uma das muitas cambalhotas dadas por esse troca-tintas da política portuguesa. Sobretudo em matéria de defesa do interesse nacional. Interesse nacional esse que ele defendeu até à exaustão enquanto Director de "O Independente", mas que, tal como Mário Soares fez com o socialismo, que o meteu na gaveta, Paulo Portas, enquanto dirigente partidário, e enquanto comissário político de Estados estrangeiros (recuso-me chamar essa criatura de estadista e de governante), meteu na gaveta.
Quero aqui dizer a Paulo Portas que ontem, hoje e sempre, Portugal (ainda) é Independente. E que tudo farei para que esse aborto ortográfico não entre em vigor.
. Mais Atrasos nos Pagament...
. Arquivada Queixa-Crime Co...
. Rei Ghob - E Agora Senhor...
. Congresso do PSD - Mais D...
. Combustíveis Voltam a Aum...
. 11 de Março de 1975; 37 A...